terça-feira, 17 de abril de 2012

Engrenagens - pintura




O projeto Engrenagens promove a apresentação de pinturas mostrando formas indefinidas que lembram restos de tecnologia, máquinas e lixo em geral. A pintura  parte da observação de objetos reais ou fotografados, que ao serem reproduzidos se mostram de formas diferentes. 
A obra mostra o “ver” que não foi reconhecido pela fotografia.


A ideia surge de uma longa observação em ambientações reais dos pátios de trás das casas do povoado onde nasci. Uma sorte de entulhos e restos de maquinárias antigas captadas por meios fotográficos, cobram vida através da câmera. As pessoas os escondem na vã ilusão de mostrar apenas a arrumação da frente da casa, mas eles fogem dos espaços como se tivessem movimento próprio.


Em essência, não se diferenciam dos objetos que participam de nosso cotidiano urbano, (eletrodomésticos, computadores, celulares e tantos outros) só que estes não estão ocultos, muito pelo contrário, eles dominam o nosso cenário diário e nós deixamos essa dependência acontecer sob o convincente argumento da praticidade e o “de não termos tempo para nada”.


Nesse ato de fundir os tempos, fui buscar na pintura os objetos que convivem no meu cotidiano (incluídas imagens da internet). O trabalho de observação inicial se ampliou às esferas do imaginário revelado pela vida humana, cedida aos objetos ou fragmentos cobrando um perfil contraditório.


Atento a estas questões sobre os objetos me pergunto se eles permanecem divididos na incoerência de sua existência ou possuem uma existência que lentamente vai sendo inserida nos corpos humanos (chips de controle, por exemplo) chegando ao ponto de não sabemos se eles estão dentro ou fora de nós.


O resultado final é uma síntese de partes de máquinas, mistura de lixo e tecnologia, sem narrativa expressa. Nela, nem tudo é instantâneo; existem também camadas ocultas que tornam o espaço em cruzamentos mais complexos. Embora mantenham lembrança de restos de máquinas, o observador não tem certeza de ter uma opinião quanto a que coisa é essa que está pintada e que nome tem.


Ainda sobre a visualidade: algumas partes da estrutura dos quadros oferecem certa estranheza, provocado por algo que parece desconectado, e outras partes aparecem quase obvias pelo reconhecível. Essa dualidade meio ambígua reflete uma visão atual do mundo, misto de certezas e dúvidas.





sábado, 14 de abril de 2012

Livro de postais - arte conceitual

LIVRO: ENTREMENTES


Com uma serie de cartões postais antigos (mais de cento e cinquenta anos) herdadas de minha família, criei um livro que mostra, em forma de correspondência, como os cartões antigos têm sido motivo de contato entre meus ancestrais e eu.

A idéia

A metáfora é sobre o tempo: se ele existe, e é real, ou seria um eterno continuum, com diferentes graus de materialidade, como afirmam algumas correntes de pensamento.
A poética não deixa de estar presente nos diálogos de igual a igual. Porém, eles no passado e eu falando desde o presente, que para eles seria um futuro sonhado.

Entrementes

O sopro nosso de cada dia - Imagem digital


A obra

É uma montagem de fotografia da terra junto com pessoas também fotografadas para o evento.


 A idéia

   A terra está aquecendo. A obra propõe que nós, responsáveis pelo aquecimento, esfriemos a terra e para isso, sopremos diariamente, assim como pedimos a Deus o pão nosso de cada dia.

Intervenção Urbana - Instalação

Um curral de animais domésticos vivos: cavalo, vaca, galinha, galo, pintinho e porco.O conjunto seria inserido na Praça Luiz de Camões, no bairro da Glória. 

                 

                   A ideia      

 Esta instalação mostra como a vida urbana está desconectada do contato com os animais importantes para o ser humano, dos quais derivam a maior parte dos alimentos, como leite, ovos, carne bovina, de frango, de porco e outros derivados. 


·         Dar a perceber como as novas gerações urbanas desconhecem a origem de certos alimentos; como por exemplo: é comum as crianças acharem que o leite e os ovos vêm das caixas compradas no supermercado.
·         Observar o paradoxo de dois mundos: o animal e o humano, existindo sem se conhecerem.
·         Promover a consciência ecológica em relação ao mundo animal, distante das grandes cidades.
·         Integrar a natureza dentro da cidade.


Justificativa

·            Faz-se indispensável que as pessoas percebam a existência do mundo animal, do qual depende nossa sobrevivência e sobre o qual não se tem responsabilidade enquanto seres vivos.
·       As crianças, tomando contato com parte da existência animal, estendem sua sensibilidade e conhecimento vivo em relação à natureza.
·          As pessoas nas cidades vivem muito tempo das suas vidas isoladas atrás das grades de cimento, não tendo possibilidade de se ampliar horizontalmente, visão que lhes permitiria ascender ao ar livre e puro, ao verde e interagindo naturalmente com os animais dos quais suas vidas dependem.

Venda do ar - performance


   Performance ocorrida num supermercado do Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana em 2005.
Composta de um saco plástico transparente enchido de ar, logo pesado e colocado a venda nas gôndolas do supermercado.

 




    A obra propõe uma reflexão do que nós estamos fazendo com a natureza, o consumo desmedido cria necessidades absurdas na desenfreada busca de lucros.

Se hoje em alguns lugares do mundo a água potável é uma substancia rara, porque não o ar?

Hoje é uma quimera e algo irônico e sobre esses pilares se apóia a obra.

Autoretrato - escultura / performance


   Criei meu rosto em escala natural com parafina e o coloquei em cima de um recipiente outro rosto semelhante, feito em resina transparente e aberto na parte superior da cabeça, lugar da sede da consciência. 

   Por dentro, ambas as peças são percorridas por um pavio que, uma vez aceso, não se apagou mais, até consumir todo o rosto em parafina.

 






 O que sobrou foi uma coisa disforme depositado no rosto transparente.

   Apoiada no principio universal feminino e através do fogo, transmuto minha matéria. Sou meu próprio candelabro; meu próprio sacrifício; um ser prestes a me incendiar e a me transformar.

   Quando o rosto começa a se dissolver pelo fogo que transforma, ponho em prática o processo da alquimia interna, lidando com a morte do mecânico, transformando e sutilizando a grosseira matéria, decantando assim o ouro interno da consciência; uma metáfora da  passagem da vida.