Bordado: para redescobrir um pedaço do mundo
Uso o fio na agulha como um modo de fixar ou de colar algo da realidade
interna que se enfrenta com a realidade do mundo. O bordado que se dá na tela,
colada pedaço a pedaço, como fragmentos de vida nos espaços das gazes de
precária matéria, refletida no espelho
da própria existência.
Sem preocupações estéticas ou de enfeites, o que interessa é só
a imagem, os signos e a linguagem. Também não me
preocupa perceber esse mundo subjetivamente, apenas o reescrevo frente a
exagerada objetividade desse mundo. Tesouras separam; agulhas e fio juntam; e
isso está presente tanto na forma como no conteúdo da obra.
Poderia ter feito os desenhos com
outros materiais. Mas, como mulher, precisava encarnar a linha, como se o meu
próprio pedaço do mundo estivera encarnado. Então, faria sentido falar de um
bordado feminino, lendo marcas das mulheres que formaram minha cadeia ancestral
com suas histórias e cicatrizes e que começaram a surgir, mesmo que tardiamente.
Mas não é essa coincidência que prevaleceu na escolha desta técnica e sim, a
junção de duas razões: o impedimento físico de usar
outra ferramenta, por conta de um acidente físico e
a curiosidade insaciável de
invadir as fronteiras do que se entende por arte. Neste sentido, reflito sobre a transparência obtida com a gaze, como
esvaziamento da pintura.
No los conocía! son muy sutiles, transmiten mucha fragilidad... supongo que como era la vida en ese tiempo.
ResponderExcluirVale más que nunca aqui la expresión: la vida pende de un hilo!
muy bellos y originales. Interesante cómo van tomando forma gráfica a medida que vas comenzando el siguiente.
ResponderExcluir-Soy más amigo del arte que un productor de la pintura. -Paul Cezanne.
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